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CBH-BPSI Entrevista: João Gomes de Siqueira


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Em março de 2020, os primeiros casos de Coronavírus foram identificados na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, onde fica a sede do Comitê do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana. Desta forma, pensando no bem-estar de todos que compõem o CBH-BPSI, uma reunião de emergência teve de ser convocada. Pensando no bem-estar de todos, foi estabelecido o regime de home-office para empregados e estagiários. A partir de então, todas as atividades, administrativas e observações presenciais, tiveram de passar por adaptações. As constantes reuniões, antes realizadas na Sala de Monitoramento, começaram a acontecer por aplicativos de videoconferência. As saídas de campo, fundamentais para a gestão dos corpos hídricos da Região Hidrográfica IX, continuaram, mas com o uso constante de máscara e álcool em gel.

Apesar dos desafios impostos por 2020, importantes conquistas foram alcançadas pelo CBH-BPSI, com destaque para o lançamento do Atlas da Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana. Para falar mais sobre o ano difícil que se passou e as expectativas para 2021, entrevistamos o Diretor Presidente do Comitê, João Gomes de Siqueira (UENF).

CBH-BPSI: 2020 foi um ano atípico para todos. Como foi, no cargo de Diretor Presidente, enfrentar as adversidades impostas pela pandemia?

João de Siqueira: De fato, o ano de 2020 foi completamente atípico. A partir de março, nos reunimos e, junto da secretaria-executiva, delegatária e consórcios, conseguimos organizar um trabalho virtual de forma muito eficiente. Acho que até triplicamos o número de reuniões. As plataformas de videoconferência nos permitiram discutir os assuntos por horas e horas de reuniões, que presencialmente ficariam custosas, tanto do lado financeiro quanto do lado pessoal. Por isso, o número de participantes pôde aumentar.

Portanto, eu acho que estas plataformas surgiram para ficar, dada a quantidade de deliberações e gestões pelas quais nós somos responsáveis. Mesmo com o fim da pandemia, penso que seria interessante adotar um regime misto, com reuniões online e presenciais.

CBH-BPSI: No dia 19 de agosto, em evento online, foi lançada a versão digital do Atlas do BPSI. Qual importância você dá a este projeto?

João de Siqueira: O Atlas foi um paradigma que quebramos em nosso Comitê.
Inspirados no trabalho dos Comitês Médio Paraíba do Sul e Piabanha, percebemos que a Região Hidrográfica IX não podia ficar de fora. Quando eu o coloquei nas minhas mãos pela primeira vez, após 2 anos de trabalho árduo da equipe, diretoria, secretaria-executiva e estagiários, assumo que fiquei emocionado.

O Atlas do BPSI é um retrato profundo da nossa bacia hidrográfica e, garanto, é um documento que foi feito com muito carinho. Eu comparo o Atlas a um poema. É um ode à gestão hídrica. Toda a diretoria, especialmente eu, Carlos Ronald (Diretor Secretário) e Zenilson Coutinho (Diretor Administrativo), tivemos muito sentimento ao escrever nossas contribuições nas páginas do Atlas.

Outro característica fundamental é a belíssima produção gráfica. As fotos dos diversos corpos hídricos da região ficaram maravilhosas. O trabalho realizado pelo estagiário Antônio Ivo, integrante da Sala de Monitoramento, responsável pela produção dos mapas, foi brilhante. Sem desmerecer o trabalho dos outros comitês, acredito que ninguém possui uma qualidade dos mapas de forma semelhante, na profundidade dos detalhes, ao que está presente em nosso Atlas. É um documento que servirá para que as pessoas conheçam melhor nossa região e entendam, principalmente, o papel do Comitê e de que forma são utilizados os recursos adquiridos através da cobrança de água. Por fim, seria um sonho que o Atlas fosse adotado nas escolas como uma fonte de ensino aos alunos. É um documento que ficará para a eternidade e um legado que deixamos para nossa região.

CBH-BPSI: Além do Atlas, outras importantes conquistas foram alcançadas pelo Comitê em 2020. De forma geral, qual balanço você faz do ano que se passou?

João de Siqueira: 2020 foi um ano de muitos avanços. Destaco inicialmente a conquista que obtivemos junto de outros comitês, que foi o início do desenvolvimento de um Plano de Bacia integrado, realizado a partir de recursos do Ceivap. Este trabalho, ainda em andamento, está sendo fantástico, pois, assim como o Atlas, deixará um importante legado. No Plano de Bacia, mergulharemos nos problemas particulares de cada Comitê. A diretoria do CBH-BPSI está muito dedicada a identificar estes gargalos para que o Plano, desde a primeira publicação, possa refletir a realidade de nossa região hidrográfica.

Outra questão muito importante é a discussão profunda do Contrato de Gestão com a delegatária. Todos os comitês fluminenses dedicaram-se a uma reflexão aprofundada de todas as leis que regem o sistema de recursos hídricos nacional e, principalmente, estadual. Estudamos artigo por artigo, quais são as funções e obrigações de um Comitê de Bacia, da diretoria, da delegatária e do órgão gestor. Dentre todos esses avanços descritos, destaco também o grande amadurecimento dos comitês fluminenses, comprovado pelo grau de excelência em que se dão as reuniões com união e respeito às opiniões diversas e a maturidade para decidir sempre em conjunto e por adesão. Isso mostrou ao órgão gestor que existe um novo patamar no relacionamento com os cbhs, mais igual, o que não acontecia antes.

CBH-BPSI: O Atlas é um grande projeto que destrincha a gestão hídrica na Região Hidrográfica IX. De que formas o Comitê atua para a preservação dos corpos hídricos da RH-IX?

João de Siqueira: Na Baixada Campista, o Grupo de Trabalho de Manejo de Comportas (GTMC), criado em 2011, junto à Câmara Técnica de Recursos Hídricos e Estruturas Hidráulicas, teve um avanço significativo desde então. O INEA (Instituto Estadual do Ambiente) é uma instituição que nos auxilia muito nesse quesito e, através dessa união, é realizada a gestão hídrica dos canais, lagoas e rios estaduais que alimentam a nossa Bacia Hidrográfica. Através do GTMC, decidimos, sempre de maneira conjunta, sobre a abertura de comportas, nível das lagoas, manutenção dos fluxos dos canais e limpezas destes corpos hídricos. Até mesmo o Governo do estado do Rio de Janeiro aproveita dos projetos que decidimos de maneira compartilhada.

CBH-BPSI: 2020 foi o ano em que o Comitê cresceu no mundo digital. No Youtube, ultrapassamos a marca de 100 inscritos, no Instagram estamos prestes a alcançar a marca de 200 e no Facebook reunimos 750 pessoas. Você vê como fundamental esta participação nas redes sociais?

João de Siqueira: As mídias sociais foram a nossa grande salvação neste conturbado 2020. É um avanço significativo no sistema de gestão hídrica, fundamental para que possamos, além da comunicação externa com o público, manter um contato mais eficiente com os membros do Comitê, visto que o e-mail está cada vez mais em desuso.

CBH-BPSI: Por fim, quais são as suas expectativas para o ano de 2021?

As perspectivas para 2021 são muito boas. Destaco o Plano de Bacia, que pretendemos finalizar em junho. Logo após, começa a implementação das diretrizes do Plano, a parte mais importante deste projeto. Dessa forma, teremos todas as informações de como, quando e onde aplicar os recursos disponíveis. Será uma grande etapa a vencer, um novo recomeço para o Comitê do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana.

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